ECOTURISMO

 

ecoturismo

 

 

O rápido crescimento do Turismo como fator econômico e social é um dos setores mais crescentes há pelo menos 40 anos no Brasil, e do ponto de vista mercadológico, o ecoturismo, utilizando-se do patrimônio natural de forma sustentável, é o segmento que tem crescido a ritmo considerável ao longo dos anos.

As áreas naturais de interesse turístico têm características próprias, apresentando restrições ou limites de alterações aceitáveis a ações antrópicas, devendo-se, portanto considerar as realidades locais no planejamento ecoturístico. A curiosidade, a pesquisa, a preocupação com o equilíbrio das espécies e do meio, passando a ser um sentimento universal e não mais monopólio dos técnicos e cientistas. Há um desejo maior de conhecer a natureza, e o turismo emerge como forma de levar o homem a um contato mais restrito com ela, de maneira orientada e conservacionista, sendo a Educação Ambiental um instrumento importante neste processo.

De modo geral, as políticas públicas de turismo no Brasil vêem se norteando pelos princípios da sustentabilidade, fundamentadas na Constituição Brasileira, que reserva a todos o direito ao meio ambiente, impondo ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo às futuras gerações.

No Brasil os debates e adesões à preservação e conservação dos ambientes despertaram o turismo motivado por visitas em áreas naturais, pouco modificadas e livres de contaminação, passando desde 1985 por vários estudos e discussões em reuniões e tantas modalidades de eventos nacionais e internacionais. Participaram órgãos públicos, da iniciativa privada, meio acadêmico e terceiro setor, quando formaram comissões técnicas e grupos de trabalho na busca de conceitos para essa atividade turística.

Em 1994 foi constituído Grupo de Trabalho Interministerial integrado por representantes do Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo, do Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal, do Ministério da Educação e Cultura do IBAMA e EMBRATUR, quando elaboraram as "Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo", na qual concluíram pela definição de ecoturismo, ainda utilizada:

“Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações.”

ECOTURISMO - ORIENTAÇÕES BASICAS Cartilha Mtur

Em 2002 a Cúpula Mundial de Ecoturismo se reuniu em Quebec-Canadá, sob auspícios da OMT – Organização Mundial do Turismo e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), congregando representantes internacionais da iniciativa pública, empreendedores do turismo, do meio acadêmico, do terceiro setor e representantes das comunidades “tradicionais”.

O evento, uma das comemorações pelo Ano Internacional do Ecoturismo, possibilitou que os participantes de 132 países, na troca de experiências, aprendessem uns com os outros e identificassem princípios e prioridades acordadas para o futuro desenvolvimento e gestão do ecoturismo sob princípios da sustentabilidade.

O documento final “A Declaração de Quebec sobre Ecoturismo”, "reconhece que o ecoturismo envolve os princípios do turismo sustentável, no que diz respeito aos impactos econômicos, sociais e ambientais do turismo”, abrangendo também os seguintes princípios específicos que o distinguem do conceito mais amplo de turismo:

  • Contribui ativamente para a conservação do meio natural e cultural herdados;
  • Inclui comunidades locais tradicionais em seu planejamento, desenvolvimento e operação, e contribuindo para o seu bem-estar;
  • Interpreta o patrimônio natural e cultural do destino para os visitantes;
  • Se adequa melhor para viajantes independentes, bem como para pessoas organizadas em grupos de pequeno porte.

Mais 15 enunciados e 49 recomendações foram designados aos diversificados países, setores e instituições representadas, na esperança que adotassem novas posturas e posicionamentos frente aos desafios de um “novo turismo”. 

World Ecotourism Summit, Final Report. Québec, Canada, may 2002, page 65

No decorrer desses 18 anos, tem sido crescente o aprimoramento das bases conceituais e práticas voltadas a atender os turistas, cada vez mais sensibilizados e conscientes quanto às questões ambientais, gerando crescente demanda por atividades de lazer e recreação em áreas naturais. A oferta de produtos ecoturísticos depende essencialmente da existência de áreas de significativo valor ecológico e cultural; da maneira como estas áreas são geridas; da existência de infra-estruturas adequadas e da disponibilidade de recursos humanos capacitados. Isto, só pode ser atingido através de amplo planejamento, integrado e participativo que considere:

  • o respeito às culturas nativas;
  • ocupação e uso responsável dos ambientes e seu patrimônio;  
  • a proteção da biodiversidade;
  • a integração do turismo nos planos e projetos comunitários com a participação dos moradores;
  • o fortalecimento das economias locais e poder legal de decisão pelos moradores;
  • ampla mobilização de todos os interessados;  
  • as pesquisas de mercado;
  • as estratégias e mecanismos mercadológicos, e;
  • o estudo prévio para minimização e mitigação dos impactos negativos;
  • possibilitar experiências positivas para os visitantes e moradores;
  • adotar mecanismos financeiros diretos à conservação do Patrimônio;

Para não haver dúvidas conceituais, no manual “Ecoturismo: orientações básicas” (MTur, 2010, 2ª edição) observamos que no Turismo Sustentável e Responsável os princípios que o norteia são aplicáveis e devem servir de premissa para todos os segmentos do Turismo em quaisquer destinos. No Ecoturismo caracteriza-se pela prática de atividades que possam proporcionar a vivência e o conhecimento da natureza e pela proteção das áreas e espaços onde ocorrem. Ou seja:

O Ecoturismo assenta-se no tripé: interpretação, conservação e sustentabilidade.

O que diferencia de outros segmentos do turismo nos espaços rurais é como o visitante pratica suas atividades, aguçando sua percepção ambiental mais contemplativa e educativa. Os conhecimentos transferidos ao visitante sobre os ambientes o ajuda a interpretar o patrimônio natural e cultural do destino, provocando posturas e comportamentos nos espaços rurais mais adequados e com melhor qualidade em suas experiências.  

As tipologias de atividades a princípio categorizadas como Ecoturismo, vêem se miscigenando com outros segmentos, em face das demandas pelo mercado dinâmico e as diversificadas motivações. Os passeios embarcados em águas fluviais e/ou marítimas se atem basicamente a contemplação das paisagens ao longo do percurso, ainda que o segmento seja o Turismo Náutico.

No Ecoturismo existem outros nichos, além dos já tradicionalmente conhecidos, como por exemplo: hiking; trekking; safáris fotográficos, contemplação de flora e a observação de aves em seu habitat natural ou birdwatching, uma atividade que despontou no Brasil movimentando o mercado turístico que tem motivado fluxos internacionais com destino aos Biomas e ecossistemas associados brasileiros.

O Paraná está entre os estados mais ricos em aves em todo o Brasil, possuindo pouco menos aves do que todos os Estados Unidos, sendo ainda um dos que tem sua avifauna mais conhecida e pesquisada (o primeiro estudo foi realizado em 1912).

A região de Mata Atlântica também é mundialmente reconhecida pela sua grande biodiversidade, sendo que nela ocorre grande parte das 744 espécies observáveis no Paraná cuja ave-símbolo é a Gralha-azul (Cyanocorax caeruleus).

Nos meios urbanos também se contemplam aves, como em Curitiba que abriga aproximadamente 400 espécies nas praças e os parques como no Barigui. Em certos locais da capital paranaense e região metropolitana, como nas imediações do Zoológico, é possível observar grande quantidade de aves aquáticas, dentre marrecas, maçaricos, garças de vários tipos e tapicurus e, em vários pontos do município, destacam-se verdadeiras raridades.